Entre ações no mundo real

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Existe uma tradição antiga na criação narrativa que diferencia a "história" e a "trama".

Além, claro, da distinção entre os dois termos, "história" e "discurso", que é parte de uma terminologia estruturalista. Estes dois termos, "história" e "trama", se sobrepõem apenas em parte com os termos "história" e "discurso". A diferença básica entre história e trama foi apontada primeiramente por Aristóteles, que as distingue entre ações no mundo real e unidades selecionadas a partir delas e depois organizadas no que ele chama de mito. Uma história é apenas uma história se ocorrer pelo menos um evento na obra. Isso é, se algo ocorrer e mudar do estado A para o estado B. Também, os eventos em uma história partem do envolvimento de uma criatura existente de algum tipo e de alguma forma.

Ou seja, personagens.

A maioria das histórias envolve uma sequência de eventos em vez de apenas um evento. Os "eventos" geralmente incluem acontecimentos naturais e não naturais e "ação". Neste último caso, referindo-se mais especificamente a atos voluntários de personagens.

A trama de uma obra pode ser considerada como parte do discurso da mesma, já que é parte de como a história é apresentada. A distinção entre história e argumento ainda é amplamente usado para diferenciar os graus de conectividade entre eventos dentro de uma narrativa. Uma narrativa pode ter uma ou mais tramas, ou seja, os eventos podem se centrar em torno de um ou mais grupos de personagens, cada qual com suas próprias conexões de eventos.

Romances de trama única são comparativamente raros. A maioria desenvolve múltiplas tramas ao mesmo tempo. Estas múltiplas tramas não são necessariamente todas no mesmo nível de importância. Pode haver uma trama principal e um ou mais sub-tratamentos de tramas. Algumas narrativas com múltiplas tramas colocam menos ênfase na conexão causal entre eventos, embora ainda haja muitos eventos e ações. Ao invés disso, os eventos podem ser vinculados por um personagem comum a todos eles.

Algumas narrativas são muito bem planejadas, tudo acontece por uma razão ou propósito e um evento é consequência de outro. Romances de alta fantasia ou contos de fadas geralmente são bem planejados e quando cada trama é trazida para um final satisfatório também possui uma estrutura fechada. Muitos escritores modernos e pós-modernos tentam deliberadamente evitar histórias dominadas por eventos e tramas bem amarradas, porque sentem que não é uma transposição precisa da realidade, estando mais interessados em personagens do que na construção da trama.

Nenhum enredo ou história pode se desenvolver sem personagens e os personagens são frequentemente, embora nem sempre, desenvolvidos através de uma trama.


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Referências usadas neste texto:
[1] ARISTÓTELES, Poética. Edipro. 2014. Brasil.
[2] FOSTER, E. M., Aspects of the Novel, Edward Arnold. 1927, United Kingdom.

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