Terra molhada

Lembrei da chuva caindo aos Sábados.
Quando olho para ela, à chuva, sinto o cheiro dela, a moça.
É como o odor da terra molhada das gotas d'agua que descem do céu.
Sincero.
Marcante.
Assim é como sinto a moça.
Gostaria de ter lhe dito essas palavras, no dia em que saímos pela primeira vez.
Gostaria de ter lhe dito essas palavras, no último dia em que nos vimos.
Mas a força do tempo é implacável.
A coragem é fraca ao ponto de deitar-se sobre o lençol e jamais levantar.
A coragem adormeceu.
O tempo passou.
A chuva não cai mais.
Agora é o sol em céu azul que se faz presente.
E ao olhar para este sol, sinto como se o coração da moça se afastasse.
Meus dedos parecem pequenos demais para tocá-la.
Minha alma distante demais da alma dela.
Como a chuva, a frieza não cai mais.
Sob este céu, sinto que a perdi para sempre.
Não seu corpo.
Não sua amizade.
Nem seu beijo.
Mas seu coração.
O amor, sentimento tão frágil, parte-se aos mil pedaços.
Agora, resta somente uma coisa a fazer.
Juntar seus micro-pedaços e plantar novamente.
Fazer florescer e gerar frutos.
Algo dentro dela se perdeu.
Talvez, e apenas talvez, possamos reencontrar o que foi perdido.
E talvez, e apenas talvez, esse sol irá embora e a chuva retornará.
E sob a chuva, sentirei o seu cheiro novamente.
Sincero.
Marcante.

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