Sonho/Pesadelo

por Vanessa Bastos


Tudo estava maravilhoso.
Foram três meses e vinte e quatro dias de puro amor, carinho, lealdade, paixão, tesão, fidelidade, respeito, entrega, cumplicidade...
Enfim, tempos bons de uma relação única, um encontro de duas almas que se encontraram, se reconheceram, se complementaram, decidiram ficar juntas e querem se tornar uma só.
Se não de corpo, pelo menos de alma.
Era um sonho, quanto mais o tempo passava mais essas duas almas irradiavam um entendimento sem igual, poucas vezes antes visto.
Todos que os viam percebiam que eles transpareciam luz, felicidade como se estivessem juntos havia muito tempo, plena era a harmonia que tinham e a sintonia entre eles.
Porém, como nem tudo são flores, a parte ruim deu as caras.
Se foi cedo ou tarde não se sabe.
Afinal, relacionamentos não são iguais, cada um tem a sua fórmula.
Já na relação em questão essa coisa ruim apareceu durante um sonho da moça numa noite de setembro.
Sonho esse que mais tarde se tornaria pesadelo, visto que os sentimentos experimentados naquela fantasia se materializaram no coração da moça e lá ficou enraizado.
Isso porque quando se pressente que o amor da sua vida não lhe quer nem ao menos como inimiga, e sim lhe trata com total indiferença, o pior dos sentimentos.
E era exatamente assim que ela se sentia, abandonada por aquele que amava com fervor e devotava seus maiores e melhores sonhos e pensamentos.
No pesadelo da moça, não era o fato dela ser a outra, a amante daquele que era seu namorado na vida real que a incomodava.
Isso era mero detalhe e se o sonho fosse só isso, passaria despercebido como um sonho bobo ao coração dela.
O que a deixava perdida, vazia e sem chão foi não só ver como sentir a maneira que ele cultivava e venerava um amor, o mais puro e intenso dos amores do mundo a uma terceira pessoa não a ela.
Naquele momento, no sonho/pesadelo, a moça teve a exata dimensão disso quando olhou bem fundo dentro dos olhos de seu amado e sentiu um arrepio percorrer toda a espinha - não de tesão como aqueles que ele provoca na vida real quando estão juntos, mas de desfalência do corpo, da alma por ele estar totalmente vulnerável e a mercê daquela outra moça.
No fim, sabia que aquele era apenas um simples sonho/pesadelo que tivera e que não deveria dar bola.
Sabia também que era bobagem ficar mal, pois no mundo real, bem ali ao seu lado havia o namorado.
Namorado esse que a moça não podia duvidar do amor dele por ela nem por um segundo, pois esse já tinha dado mostras que tinha verdadeira adoração por ela.
Contudo, ela ainda sentia que faltava algo para esquecer de vez toda essa indisposição.
Percebeu então, que tudo o que ela queria era sentir-se – nem que fosse um grão de arroz, tão amada e desejada quanto aquela que vira enaltecida aos olhos e no coração do homem que escolheu para chamar de seu.
Mesmo com ele ao seu lado e amando-a com toda plenitude do seu ser.

2 comentários:

  1. O amor explicitamente expresso nas palavras, com toda a intensidade. Vcs escrevem muito bem! Que lindo este casal! *____*

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  2. Ainda me dói a alma saber que um dia a fiz chorar.

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