Uma breve e irrisória história das light novels

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Pode ser redundância, mas a cultura pop no Japão é extremamente eclética.
Animes e mangás shonen ainda são os mais comuns, mas nada impede que outras mídias peguem o seu quinhão de público. 
A literatura de ficção não foge disso. As mais populares delas nos dias de hoje, muito além das tradicionais literaturas de gênero, são as light novels.
Sei uma coisa ou duas sobre ficção japonesa e por isso acredito ter capacidade para traçar uma breve e irrisória história sobre as light novels japonesas.

A literatura popular tem uma longa tradição no Japão. Graças ao seu valor barato, romances pulp estavam presentes no Japão desde meados dos anos 50. Entretanto, 1975 é considerado por alguns como um início simbólico da publicação das light novels. Foi nesse ano que estreou a editora Sonorama Bunko, especializada em antologias de mangás, como a Manga Shonen e literárias a baixo preço, como a Shishiô. Todas essas publicações, recheadas de novos escritores sedentos por leitores. A Bunko foi a primeira de várias editoras que publicaram livros de bolso que muito se assemelham as light novels modernas, em termos de narrativa. Escritores de ficção de gênero, como Hideyuki Kikuchi ou Yumemakura Baku começaram suas carreiras por meio da Bunko, na sua principal revista literária, a Griffon e na própria Shishiô.

Na década de 1980, os romances épicos de ficção científica Legend of Galactic Heroes, e fantasia, Heroic Legend of Arslan, ambos de autoria de Tanaka Yoshiki capturaram o coração dos garotos japoneses como um furacão implacável, iniciando uma tendência que perduraria por toda a década. Logo em seguida, Record of Lodoss War, uma série de romances fantásticos de guerra baseado na experiência de seu autor, Ryo Mizuno, com os RPGs de Dungeons and Dragons no final dos anos 70, alcançou grande popularidade entre os leitores mais assíduos da Kadokawa Shoten, principal editora de literatura de gênero na época. Todas essas obras foram, mais tarde, transformadas em animes, mangás e videogames, tornando-se franquias transmídias cultuadas até mesmo no ocidente.

Record of Lodoss War de Ryo Mizuno

Na década de 1990, viu-se surgir a série de grande sucesso Slayers, de Hajime Kanzaka e Rui Araizumi, que trouxe a fusão de elementos de RPGs de fantasia dos anos 80 com a comédia do exagero juvenil típica do Japão. Em 1993, MediaWorks fundou uma editora voltada a literatura pop, chamada Dengeki Bunko. A importância da Dengeki vem com a sua primeira publicação, Hyôryu Densetsu Crystania que embora com sucesso moderado, trouxe outra fantasia de Ryo Mizuno, desta vez em parceria do ilustrador Satoshi Urushihara. Embora muito questionada por sua qualidade ou falta dela, Crystania consolidou a literatura light novel no Japão como um filão a ser explorado no futuro pelo seu enorme potencial para novas franquias de entretenimento. A Dengeki Bunko produz muitas das séries de sucesso de light novel até hoje. Entretanto, a série considerada como o "divisor de águas" para o mercado de light novels é Boogiepop de Kouhei Kadono e Kouji Ogata, apenas no ano 2000. O diferencial de Boogiepop para outras obras de gênero das décadas anteriores foi a sua versatilidade. Cada capítulo da série trazia apenas partes fragmentadas da história, obrigando o leitor a juntar pistas entre os vários lançamentos da série e moldar tudo em sua própria mente. Era um potencial enorme para ser uma franquia, transitando entre diversas mídias diferentes e foi exatamente o que aconteceu.

Após Boogiepop, as light novels continuaram a ganhar lentamente a atenção dos leitores até que experimentou um crescimento constante por volta de 2006. Nagaru Tanigawa e Noizi Ito, no ano de 2003, publicaram o primeiro volume da série Suzumiya Haruhi. Flertando com a ficção científica e romance escolar, Suzumiya atingiu os leitores aos poucos, tendo suas vendas expandidas graças à boca a boca dos próprios leitores. Apenas em 2006, com o lançamento da adaptação em anime, tornou-se um enorme sucesso dentro e fora do Japão. De repente, o número de editoras e leitores interessados em light novel disparou aos céus.

Logo, light novel tornou-se uma parte importante da cultura literária e pop nipônica agora, ao final dos anos 2000.


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Referências usadas neste texto:

[1] ENOMOTO, Aki, Light Novel Criticism. NTT Shuppan. 2008.Japão.
[2]  http://ajw.asahi.com/article/cool_japan/style/AJ201111300001 - The Asahi Shimbun -Acessado em 18/08/2015.

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