A percepção de que ela é perfeita



A moça ajeita dois livros na estante.
Tem certa dificuldade em colocá-los sem amassar as pontas.
Faz o trabalho com atenção.
O rapaz, sentado na cama do outro lado do quarto, observa divertido.
A estante de livros é dele.
Os livros que a moça está tentando por na estante são presentes dela para ele.
Finalmente, com um pouco de força, ela consegue encaixar os objetos em seus lugares.
Ele oferece um risinho contido.
A moça vira-se para o rapaz.
Estreita os olhos.
Põe as mãozinhas miúdas na cintura.
Contrai os lábios em um bico.
Ri de maneira delicada.
Está com vergonha de ter passado tanto trabalho para guardar os livros.
Ele a olha atentamente.
Naquele momento, é  como se ela fosse a única mulher no mundo.
O rapaz sempre se delicia com momentos simples como este.
Faz com que ele sinta que estão ligados.
É um ótimo momento.
Um dia inesquecível.
O rapaz apenas não esperava uma coisa.
Mesmo depois de tanto tempo junto dela, ele não esperava que sentiria aquilo de novo.
Aquilo.
O sentimento palpitante.
Como é atormentador  a presença da moça!
Fazia muito tempo desde a última vez que tinham dormido juntos.
Ele estava razoavelmente confortável com a vida de pouco sexo.
Mas já não mais.
O rapaz sofre de desejo.
Quer tocar a pele da moça. 
Suave como uma flor.
Quer enterrar suas mãos no sedoso cabelo dela.
Inspirar seu doce aroma feminino.
Quer mais que isso.
Muito mais.
Ele vai para o lado dela.
Caminha de uma ponta do quarto à outra enquanto o entardecer se torna noite.
A moça continua de pé.
Volta-se de novo para a estante.
Fica de costas para o rapaz.
Ele a observa atentamente.
Estuda suas proporções. 
Com sua abundante massa de cabelos pretos, a moça parece mais esguia.
E com os seios medianos, redondinhos, o corpo assume uma postura esgalgada.
Quase infantil.
Mas os olhos estreitos, com os finos cílios, só podem ser de uma mulher.
Adulta.
É nos olhos que termina a semelhança com a adolescência.
Em pé,  a moça descansa levemente sobre a parte dianteira dos pés.
Seus braços, da maneira como pendem, curva-se nas articulações.
Ele pondera por um momento.
A postura da moça lembra a de um cauteloso cão caçador.
Nenhum excesso de carne.
Barriga chata.
Pequenas nádegas curvas.
Peito amplo.
A moça tem o corpo modelado de acordo com o tipo físico europeu.
Anacrônico e atraente.
As pernas, esguias, têm uma aparência altamente sexual.
Macias.
Não muito bem acabadas.
Curvas núbeis.
A impressão total, contudo, é boa.
Aos olhos do rapaz, é mais do que boa.
É ótima.
É incrível.
Inesquecível.
Maravilhosa.
Perfeita.
Embora, definitivamente, possua a aparência de uma mocinha.
Não de uma mulher.
Exceto, talvez, pelos olhos.
Inquietos.
Sinceros.
Com o rapaz a olhando tão atentamente, o rubor da moça retorna.
Desta vez, ardorosamente quente.
Ela vira.
Fica bem perto do rapaz.
Pode sentir o calor do corpo dele em contraste com o seu.
Os olhares de ambos se encontram.
Os dois riem.
Abraçam-se.
No início, devagar.
A força do abraço vai aumentando cada vez mais.
A moça sente sua carne contorcendo-se entre as pernas.
Tensão.
Tesão.
No rapaz e na moça.
A energia sexual percorre o corpo do casal como um raio.
Provoca um arrepio no pescoço dela.
Ele reage de forma masculina.
O membro do rapaz desperta.
Abraçam-se ainda mais forte.
A moça sente o membro do rapaz ereto.
E, à medida que ele "sobe" provoca nela um tremendo ardor de desejo que  percorre-lhe o corpo.
Em um instante de desejo arrebatador, o rapaz agarra-a e a empurra pelo quarto até o quarda-roupas.
As pernas dela fraquejam quando encosta no móvel atrás dela.
Sente a boca dele na sua.
Os lábios do rapaz têm gosto de menta.
Amargo.
Refrescante. 
Abre a boca.
Nesse momento, ela sente a mão dele subindo por suas coxas.
Ouve o ruído de material cedendo.
Com dificuldade, o rapaz abre a calça da moça.
Um botão de cada vez.
Depois abre o zíper, com mais força.
Ela sente a mão quente dele entre as suas pernas.
Abaixando sua calça com fervor e quase lhe rasgando a calcinha.
Tenta acariciar-lhe a vagina.
Não deixa de beijar a boca da moça nem por um segundo.
Ela passa os braços em torno do pescoço dele.
Pendura-se  no rapaz enquanto ele abre o cinto e desabotoa as calças.
Com um movimento rápido e decisivo, termina de tirar as calças e a calcinha da moça.
Depois, ele coloca as duas mãos por baixo das nádegas nuas dela.
A levanta.
Ela da um pequeno salto no ar.
As pernas se enroscam em torno das coxas dele.
A língua do rapaz esta na boca da moça.
E ela a chupa loucamente.
Ele da um impulso selvagem.
A moça bate com a cabeça no guarda-roupa.
Ela sente qualquer coisa queimando passar-lhe pelas coxas.
Deixa cair o braço no pescoço dele.
Abaixa a outra mão para guiar a coisa.
Sua mão fecha-se em torno de uma vara feita de músculos intumescida de sangue.
Pulsa em sua mão.
Parece um animal.
Em êxtase e prazer, ela a introduz na própria carne.
Túrgida.
Úmida.
No começo é difícil entrar.
Dói.
Arranha.
Sua entrada é muito apertada para o instrumento dele.
Com um pouco de força, consegue.
Vai profundamente.
O impulso da penetração e a sensação incrível fazem-na respirar ofegante.
Os dois estão alucinados de prazer.
Desejo incontrolável.
A moça, sem perceber, Entrelaça as pernas quase na altura do pescoço do rapaz.
Em conseqüência, como uma aljava, seu corpo passa a receber as setas selvagens dos impulsos relampejantes dele.
Inúmeros.
Torturantes.
Deliciosos.
E ela, arqueia sua pelve cada vez mais profundamente.
Por fim, sente a firmeza dele fraquejar.
Sente o quente escorrer de sêmen pelas coxas.
Lentamente.
Então, suas pernas se desprendem do corpo do rapaz.
Deslizam para baixo até alcançar o chão.
Eles estão inclinados um sobre o outro.
Quase sem respiração.
Ofegante.
Foi rápido.
Intenso.
Verdadeiro.
Ele louco de desejo.
Ela aproveitando cada segundo.
Seu corpo quente por fora e por dentro.
Coração e corpo saciados.
Desgrudam-se.
Ela cai na cama.
Cansada.
Ele se senta.
Ofegante.
Seu corpo treme.
Vacila.
Está pálido.
Ela ri.
Em um movimento rápido tira sua blusa.
Deixa seus seios a mostra.
Fazia tempo que o rapaz não a via completamente nua.
Ele gosta.
Muito.
Tem, novamente, a percepção de que ela é perfeita.
Não apenas em corpo.
Também na existência.
Aos poucos, conforme se recupera, ele deita.
A moça enrosca-se no lençol.
Se cobre.
Fica confortável.
O rapaz faz o mesmo.
Ficam lado a lado na cama.
Em silêncio.
Silêncio completo.
Deitados.
Nus sob o lençol.
Silêncio.

Um comentário:

  1. Putz, agora fiquei na dúvida: não sei se leio esse ou o da "uvinha", no casamento.

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