Nossas Erupções

I

Arte.
Minha arte.
Ou trabalho.
Arte é esnobe.
Trabalho é glorificante.
Meu trabalho.
Falar do meu trabalho é difícil.
É entrar num assunto estranho.
Único.
Assunto de mil surpresas.
Mesmo para mim.
Minhas pinturas.
Escondem mil segredos.
Possui concepção arrojada.
Um que de fantasia doida.
Falar dela como arte.
Para que se interessem por ela.
Os críticos.
É tarefa bem difícil.
Não tenho a pretensão de realizá-la.
Não faço arte.
Escrevo impressões intimas.
Pintar.
É entrar numa peregrinação.
Vagabunda.
De pensamento.
Peregrinação.
Fico particularmente grato.
De viajar nas linhas vagabundas.
Do pensamento.
Que se torna quase estéril.
Sem dúvida.
Pintar é uma tarefa.
Tal tarefa.
Variante.
Com certas probabilidades.
De êxito. De falhas.
Meus quadros possuem harmonia.
A harmonia enternecedora.
Primeiro, da forma.
Depois, da luz.
Da cor.
Busco, em minha peregrinação de pensamento.
Produzir algo.
Diferente.
Que possuísse um raro dom.
Sugestão.
Comover pelas formas do pincel.
Colorir a mente a ponto de ir acordar a fantasia do público.
Subordinando-os.
A todos os caprichos.
Caprichos do quadro hilariante que constitui a arte.
Minha arte.
Meu trabalho.
Feito ao simples agrado da inspiração.
Que surge como erupção.
Um vulcão.
Respingando elementos.
Aqui e acolá.
Vermelho e azul.

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